Hoje acordei a pensar no quanto sinto tua falta. No quão
difícil tem sido viver com tua ausência. No quanto sofro por não poder te
alcançar.
Quando observei tua partida, com minhas mãos soltas,
minhas costas leves e minha mente livre, aquela estrada não parecia tão
longa...
Mas...
Veja só – o tamanho do meu amor! – cheguei a dar
alguns passos naquele asfalto de aparência tão plana, rumo ao caminho que
tomaste, pensando em te encontrar...
Entretanto, confesso, em certa altura, deparei-me com
irregularidades que me fizeram cair e me machucar; assim, retornei. Não podia
te encontrar em tais condições, além de ter sentido leves dores que precisava
curar. Não sabes o quanto chorei! (Aproveito para questionar-te: como
conseguiste enfrentar aquele complicado trecho?! Admiro-te muito pela
perseverança.)
Sabes, viver sem a correspondência de amor tão grande
traz-me dor tão intensa
Mas...
Ao relembrar certas situações, entendo que talvez
tenhas razões para ter interpretado mal meus sentimentos. Deixe-me explicar.
Aquela vez em que não segurei tua mão e acabaste
caindo, eu juro: não foi por mal; deveu-se à péssima fase pessoal pela qual
estava a passar, que me impedia de andar atento. E, é claro, não desconsidere o
quanto me culpei e sofri por tal incidente!
Sabes, todos os dias tenho memórias tão doloridas,
sobre tudo o que eu gostaria de estar vivendo contigo. Para além disso,
pergunto-me: por onde andas? Nunca soube onde aquela estrada terminava... Daqui
onde vivo, e do local onde me sinto confortável para sentar e apreciar a paisagem,
não consigo enxergar nem o início do caminho que tomaste! Sofro tanto com isso.
Será que tens como me enxergar de onde estás?
Tenho tantos sentimentos guardados para te dar e
demonstrar, os quais tento agora expor em palavras, para, talvez, um dia
poderes ao menos ler o que sinto e penso
Mas...
Com muitíssimo pesar no meu coração, aos poucos meus
escritos falham e as palavras me fogem. Confesso não estar nos meus melhores
dias para concentração. E, para completar, a tinta da minha caneta falha a cada
três palavras que escrevo...
Gostaria de poder continuar a expressar minhas dores e
meu amor por ti
Mas...
Sinto muito, as circunstâncias me obrigam a, mais uma
vez, despedir-me.
Abril de 2020